ANTI-INTELECTUALISMO CRISTÃO

“Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.”

Rm 10:2


Muitos cristãos atuais creem erroneamente que a fé é oposta à razão. Como consequência óbvia, são levados por “todo vento de doutrina” (Efésios 4:14), pois não cultivam a prática do pensar e refletir a respeito de suas crenças, experiências e ações. Grupos de cristãos pentecostais, muitos dos quais fazem das experiências sobrenaturais o principal critério da verdade. Pondo de lado a questão da validade do que buscam. Para estes, a doutrina é o de menos, o que importa é a experiência. Esse é o “mal chamado anti-intelectualismo onde estas “são rotas de fuga para evitar a nossa responsabilidade dada por Deus de usar a mente de forma cristã. Esse é o que chamo de um cristianismo vazio e doentio. Infelizmente muitas pessoas tem se alimentado de pregações rasas e superficiais, que no lugar de estimular a estudar e ponderar sobre as verdades eternas, motivam as pessoas a serem guiadas por emoções e sentimentalismo barato.

 

O fato meus amados é que: precisamos de um equilíbrio. Não devemos cair no extremo oposto e abraçar um “cristianismo frio e inexpressivo, mas uma devoção fervorosa, inflamada pela verdade.” 

 

Devemos atentar para o fato de que fomos criados com a capacidade de pensar e que devemos utilizar nossa racionalidade de forma sensata, prudente e honrosa.  Deus traz salvação aos pecadores através da proclamação do evangelho.

 

Existe alguns aspectos da vida cristã que se tornam impossíveis sem o uso da mente. 1) Nossa adoração não pode ser irracional. Deve ser uma adoração em espírito e em verdade (João 4:24). 2) Nosso amor ao Senhor deve ser com todo entendimento. 3) Ao Meditarmos no Velho e no Novo Testamentos, devemos “responder em louvor e adoração” de forma inteligente. Nossa mente deve estar comprometida com a verdade de forma “íntegra e frutífera”, não podemos e não devemos nos expressar de forma alienada (sem saber o que estamos falando e sem entender o que Deus está nos transmitindo).

 

Vamos reflitir o momento da criação: Deus fez o homem à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar. Todas as outras criaturas têm cérebro, alguns mais desenvolvidos do que outros, porém, somente o homem tem o que a Bíblia chama de “entendimento”. Em Gênesis 2 e 3 vemos Deus comunicando-se com o homem de um modo segundo o qual Ele não se comunica com os animais. Ele espera que o homem colabore consigo, consciente e inteligentemente, no cultivo e na conservação do jardim em que o Senor o colocara, e que saiba diferenciar - tanto racional como moralmente - entre o que lhe é permitido e o que lhe proibiu de fazer. Ainda mais, Deus chama o homem para dar nomes aos animais, simbolizando assim o senhorio que lhe dera sobre essas criaturas. 

 

Na realidade, sobre esse fato se apóia o argumento que, sendo o homem diferente dos animais, ele deve comportar-se também diferentemente. “Não sejais como o cavalo ou a mula, que não possuem compreensão, mas precisam ser controlados com o uso de freios e rédeas, caso contrário não poderiam obedecer”, ou seja, que não possui entendimento”. Em conseqüência, o homem é repreendido quando o seu comportamento é mais bestial que humano (“eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença”, neste texto Asafe quis dizer que não estava sendo sábio, mas insensato). 

 

Lembrem-se, Jesus acusou as multidões descrentes, inclusive os fariseus e saduceus, por poderem interpretar as condições meteorológicas e preverem o tempo, mas não poderem interpretar “os sinais dos tempos” nem preverem o julgamento de Deus. “Por que perguntou-lhes. Em outras palavras: por que não usais os vossos cérebros?

 

O fato de que Deus se revelou por meio de palavras e ações, mostra-nos que nossas mentes são capacitadas para o entendimento. Uma das mais elevadas e mais nobres funções da mente humana é ouvir, pois a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Atrevo-me a dizer que quando falhamos no uso de nossas mentes descemos ao nível dos animais. Que o Senhor nos abençoe!

 

Pr. Dr. Gervásio Melquiades Gomes