Jesus e a Mulher Adúltera
João 8:1-11

 

Este encontro entre Jesus e a mulher adúltera foi marcado por aqueles que tinham o desejo de fazer
o mal. Mas o Senhor transformou tamanha armadilha (para Ele e para a mulher) em manifestação
de bondade. Ao lermos essa história aprendemos que, enquanto algumas pessoas estão usando a
Palavra de Deus para mostrar-se melhor que outras, Jesus nos ensina que o Evangelho não é
para os soberbos, mas para os humildes que reconhecem que precisam do Senhor.

 

Aqueles escribas e fariseus, na realidade, não se importavam com a mulher apanhada em adultério,
isso para eles era uma situação normal do dia a dia, porém, era importante encontrar motivos para
condenar Jesus, eles pouco se importavam em apedrejar a mulher adúltera, no fundo, eles queriam
apedrejar Jesus!

 

Esses homens religiosos irrompem na audiência de Jesus, ou seja, aparecem diante d’Ele com uma
mulher pega em flagrante adultério, colocam-na no meio de todos e se apressam a declarar:
"Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar mulheres como essa. Tu, pois, que dizes?" (João 8:5).

 

Tal declaração parece formalmente impecável, porque cita a Lei. A Lei, de fato, previa a pena de
morte para ambos os adúlteros (homem e mulher) a pena era uma só, apedrejamento. Para os
doutores da lei, Jesus deveria escolher entre cumprir a justiça e dar uma sentença de morte, ou
violar a lei. A cena realmente é profundamente dramática. A vida dessa mulher depende
exclusivamente da decisão de Jesus.

 

Vejam bem a armadilha: é altamente significativa que apenas a mulher tenha sido capturada e
levada diante de Jesus, enquanto o homem que cometeu adultério, de acordo com a Lei é tão
culpado quanto ela, não é nem imputado nem levado a julgamento!

 

A exposição da mulher é humilhante e cheia de injustiça. Como já falei, ela não cometeu o pecado
sozinha, mas, por ser a parte mais frágil foi pega e acusada, embora o castigo previsto na Lei fosse
tanto para o homem quanto para a mulher. Diante das provas e evidências que eram contrárias a ela,
Jesus, sem dizer uma única palavra (João 8:7a), realiza algo maravilhoso. Ele se inclina, Ele se
curva, Ele desce até o chão (João 8:6b), em absoluto silêncio, onde aquela mulher havia sido
lançada e coloca-se lado a lado com ela, enquanto todos apontavam seu pecado. Sem qualquer
discurso, Jesus ensina que há outros modos de lidar com o pecado de alguém que não seja a
acusação, a exigência de reparação ou até mesmo a condenação.

 

No entanto, os acusadores insistem em interrogá-lo, depois daquele longo e desconfortável silêncio,
então, diante das autoridades religiosas presentes, Jesus pronuncia uma de suas frases mais
conhecidas, Ele se levanta e não responde diretamente à questão que lhe foi feita, mas faz uma
afirmação que contém em si mesma uma pergunta reflexiva: "Quem de vocês não tiver pecado,
atire nela a primeira pedra" (João 8:7b). Depois, inclina-se de novo e volta a escrever no chão.

 

Com essa resposta, Cristo faz com que todos, do mais velho ao mais novo, desçam ao nível da
mulher pecadora (João 8:9), Ele os iguala. Romanos 3:23 afirma que todos somos pecadores e, por
isso, carecemos da glória de Deus. Todos necessitamos da misericórdia - os que pecam muito ou
os que pecam pouco, seja de manhã ou seja à noite, às vistas de todos ou escondido na
mente - todos precisamos desesperadamente do perdão de Deus para sermos restaurados e
completamente transformados.

 

Assim, as palavra de Jesus, se tornam neste momento incisivas em todos os presentes e não apenas
nos escribas e fariseus. Esta é uma daquelas perguntas que nos agitam e nos fazem ver em
profundidade a nós mesmos, essas palavras naquele momento impediram que aqueles homens
usassem de violência em nome da Lei. Isso nos ensina que somente Jesus poderia condenar
aquela mulher.

 

Os Fariseus e os Escribas tinham o desejo de destruir Jesus e estavam usando a mulher para tentar
fazê-lo tropeçar. Como era comum entre os falsos mestres, eles usaram a lei de Moiseis para
afrontar e tirarem proveito de uma situação. Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, a
fim de terem uma base para acusar Jesus. As pedras na verdade seriam para a mulher, mas os
maiores ferimentos eles queriam causar em Jesus.

 

Essa passagem também nos ensina que Jesus foi enviado por Deus "não para condenar o mundo,
mas para salvar o mundo", aqui também, Jesus age como tinha anunciado no início do Seu
ministério: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores".

 

Por isso Jesus olhou para o mais intimo daqueles homens e disse: "Se algum de vocês estiver sem
pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela" (João 8:7b). Os que o ouviram foram saindo, um de
cada vez, começando com os mais velhos. Será que era esta a atitude que Jesus esperava deles?
Infelizmente amados esta, ainda hoje, é a atitude de muitas pessoas. Fiquem atentos, pois estamos
diariamente sendo observados pelos olhos dos que nos cercam. Investigados por muitos que
aguardam ansiosamente um erro da nossa parte para que sejamos acusados e sem direito a defesa,
condenados por pessoas hipócritas, ainda digo, não são pessoas de fora, mas são de dentro da nossa
própria casa, são pessoas que não reconhecem seus pecados, mas fazem de tudo para se aproximar
de você a fim de lhe crucificar, pois da mesma forma fizeram com Jesus.

 

Conforme todos iam saindo, a mulher também poderia ter ido embora. Mas ela ficou diante de
Jesus. Em um encontro que era para ser sua condenação ela recebe libertação. Quando Jesus
percebe isso, põe-se de pé diante dela e pergunta: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores?
Ninguém te condenou?” (João 8:10). Ao responder “não sei Senhor” (João 8:11a).

 

Por fim, Jesus conclui esse encontro com uma afirmação extraordinária: "Eu também não a
condeno. Pode ir, e não peques mais"(João 8:11). A reação de Jesus, que é a Justiça em pessoa, é
impressionante. Em nenhum momento saem de sua boca palavras de condenação, mas de
perdão e misericórdia. Aquela mulher nos ensina uma das maiores vitórias concedidas pela
salvação: “não existe condenação para aqueles que estão em Cristo” (Romanos 5:1). Com
certeza naquele momento, ela aprendeu que o Evangelho, não existe para nos condenar, mas
para nos livrar de toda condenação.

 

2º Coríntios 5:18-19 - E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.
Jesus instituiu o ministério da reconciliação para que ninguém se perdesse, mas ao contrário, para
que todos nós possamos encontrar o perdão que necessitamos, por maiores que tenham sido as
nossas faltas. Que Deus nos abençoe!

 

Pr. Dr. Gervásio Melquiades Gomes