LIBERDADE OU ESCRAVIDÃO

Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado
(Evangelho de João 8:34)


LIBERDADE
No mundo atual em que vivemos, hoje é natural as pessoas falarem sobre a liberdade. Existem muitos adolescentes e jovens desejando completar a maior idade para então desfrutar a tão sonhada liberdade. Em meio a tudo isso, eu fico imaginando: ''O que é liberdade para essas pessoas? Será que elas compreendem seu real siginificado?''
De acordo com o dicionário: ''Liberdade é a condição de uma pessoa poder fazer ou deixar de fazer alguma coisa''. É importante também acrescentar que é através dessa liberdade que podemos fazer escolhas boas ou ruins na vida.

 

Todos as pessoas são pessoas livres no sentido de que eles podem tomar suas próprias decisões a respeito daquilo que querem ou não fazer, escolhendo como lhes agrada, à luz de sua própria consciência, inclinações e pensamentos. Diante dessa liberdade, perante Deus e perante o resto da humanidade, todos nós somos responsáveis pelas
escolhas que fazemos. A isso nós chamamos de Livre Arbítro.

 

Livre arbítrio é a capacidade de escolher qualquer das opções oferecidas em dada situação, ou seja, podemos dizer que o livre-arbítrio é a capacidade de decisão sem qualquer tipo de influência ou condicionamento. O livro-arbítrio também é a expressão de liberdade da vontade humana em seu sentido mais absoluto. Agostinho ensinou que esta capacidade se perdeu na Queda. Essa perda é parte do peso do pecado original. Depois da queda, nossos corações naturais não são mais inclinados para Deus; eles estão escravizados sob o jugo do pecado e não podem livrar-se dessa
escravidão a não ser pela graça da regeneração. Esse modo de entender a escravidão da vontade é ensinado também pelo apóstolo Paulo no livro de Romanos 6:16-23.

 

ESCRAVIDÃO

Conforme nos ensina a Palavra de Deus, todos somos escravos no sentido espiritual. Os escritores do Novo Testamento declararam-se voluntariamente como escravos de Cristo e não escravos do pecado. Paulo inicia sua carta aos romanos referindo-se a si mesmo como um "servo de Jesus Cristo" (Romanos 1:1) e sua carta a Tito chamando a si
mesmo de "servo de Deus" (Tito 1:1). Tiago, irmão de Jesus, inicia sua epístola da mesma forma: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tiago 1:1). A maioria das traduções diz “servo” nessas passagens, que significa também, “escravo”.

 

No evangelho de João 8:34, Jesus diz aos fariseus incrédulos: “Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” Ele usa a analogia de um escravo e seu mestre para argumentar que um escravo obedece a seu mestre porque pertence a ele.

 

Os escravos não têm vontade própria, eles estão literalmente no cativeiro de seus mestres. Quando o pecado é nosso mestre, somos incapazes de resistir a ele.


Entretanto, pelo poder de Cristo para vencer o poder do pecado, somos "libertados do pecado” e fomos feitos “servos da justiça” (Romanos 6:18). Quando nos aproximamos de Cristo em arrependimento e recebemos perdão pelo pecado, somos capacitados pelo Espírito Santo que vem habitar em nós. É pelo Seu poder que somos capazes de resistir
ao pecado e nos tornar escravos da justiça.

 

O PECADO DENTRO DO SER HUMANO

Consideraremos agora a o pecado dentro de ser humano. Mais do que uma atitude ou um hábito visível, o pecado revela uma profunda e arraigada corrupção em nosso interior. Na verdade, os pecados que cometemos são manifestações exteriores e visíveis de uma enfermidade interior e invisível, são os sintomas de uma doença
moral.

 

Certa vez, Jesus empregou a metáfora de uma árvore e de seus frutos para explicar o pecado dentro de cada um. Ele disse que o tipo de fruto produzido pela árvore (uma figueira ou videira) e sua condição (boa ou má) dependem da natureza e da saúde da árvore. Da mesma forma, Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34).

 

Certamente a maneira como fomos educados, o ambiente em que fomos criados, o sistema político e econômico sob o qual vivemos, exercem uma influência (boa ou má) sobre nós. Além do mais, deveríamos lutar por justiça, liberdade e pelo bem-estar de todos os homens. Entretanto, Jesus não atribuiu a nenhuma dessas coisas os males da sociedade humana, e sim à própria natureza, ou “coração”, do homem.

 

Vejamos o que ele diz:
Porque de dentro do coração dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem. (Marcos 7:21-23)

 

O pecado não somente nos afasta de Deus; ele escraviza, ou seja, ele nos mantém cativos.

 

O Antigo Testamento já ensinava essa verdade. Como coloca o profeta Jeremias:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). A Bíblia Sagrada está repleta de referências a essa infecção da natureza humana que chamamos de “pecado”.

 

Trata-se de uma tendência ou predisposição egoísta, que herdamos de nossos pais, e que está profundamente em nossa personalidade humana e se manifesta milhares de vezes, de maneira repulsiva. Paulo chamou-a de “carne”, e nos deixou uma lista de suas “obras”, ou consequências.

 

Ora, as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas. (Gálatas 5.19-21)


Como o pecado é uma corrupção interna da natureza humana, ele nos mantém escravizados. Não são alguns atos ou hábitos que nos escravizam, mas sim a infecção maligna de onde eles procedem. Muitas vezes, no Novo Testamento, somos descritos como “escravos”. Podemos nos ofender com isso, mas é a pura verdade. Jesus provocou a indignação de certos fariseus quando disse a eles: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31-32).

 

Jesus Cristo, veio para nos libertar - “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Ficai, pois, firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da escravidão” (Gálatas 5:1).


Neste momento, quando não conhecemos Cristo, quando não somos levados pelo Seu amor, pela Sua bondade, pela Sua Palavra, nós nos deixamos escravizar por este mundo. Muitas vezes nós nos deixamos escravizar, pelos vícios, pelos nossos sentimentos; nos deixamos escravizar pelo nossos afetos. Contudo, Jesus Cristo, Nosso Senhor, morreu na cruz por nós para nos libertar do cativeiro do pecado, para nos tirar da escravidão e nos trazer a vida nova e a liberdade.

 

Portanto, meus irmãos, nós não podemos nos permitir cair novamente na escravidão do mal, na escravidão do pecado, na escravidão daquilo que pode simplesmente tirar a nossa liberdade de escolha.

 

O mal do vício, o mal do pecado, o mal daquilo que nos escraviza além de tirar a nossa liberdade de escolha, nos mantém cativos a ele, nos mantém dependentes desse vício, desse mal, desse erro ou desse pecado.

 

Algumas vezes, muitos vícios dominam o coração humano, como o vício do jogo, da bebida; de viver a sexualidade desenfreada, das drogas, do excesso no comer e tantos outros vícios. Por outro lado, também podemos ser escravos dos nossos sentimentos e dos nossos afetos, porque a paixão pode entrar no coração humano de forma tão violenta
que a pessoa não consegue sair daquela escravidão interior em que ela vive. Como muitos dizem: “A paixão é mais forte do que eu!”. Outras vezes, o medo toma conta do coração humano, tudo que a pessoa faz é por ser movida por este medo.

 

Um autor desconhecido publicou em um blog que “ser livre é muito mas difícil do que ser escravo“, no sentido de que o escravo não tem direito de escolha sendo assim não pode tomar decisões. É justamente as decisões que vai influenciar as nossas vidas como em toda sociedade, sejam elas decisões boas ou ruins. Se fizermos o que é bom para
nós e para os outos permanecemos livre, porém, se fizermos coisas ruins que prejudiquem as pessoas, automaticamente, deixamos de ser livres.

 

LIBERTOS DO PECADO

A única maneira pela qual podemos ser livres do poder do pecado é pelo poder do Espírito Santo que é dado aos crentes no momento em que entramos na fé em Cristo (Efésios 1:13-14), e isso nos sela em Cristo como penhor de nossa herança como filhos de Deus.

 

Embora todos os que aceitaram Jesus como Senhor e Salvador de sua vida esteja livre da pena do pecado, ainda assim, vivemos na presença do pecado enquanto estivermos nesta terra, porém, a presença do Espírito Santo em nossas vidas significa que, à medida que crescemos em nossa fé e passamos a amar a Deus cada dia mais, teremos a força
necessária para resistir mais e mais ao pecado. Através do trabalho do Espírito Santo, temos o poder de resistir ao pecado, não ceder à sua tentação e viver de acordo com a Palavra de Deus.

 

A 2ª carta aos Coríntios 5:17, é um maravilhoso encorajamento para os crentes em Cristo, porque nos diz que, mesmo quando pecamos, não há mais condenação porque estamos em Cristo Jesus. Também a 1ª carta de João 1:9 nos assegura que, quando pecamos como cristãos, se confessarmos nossos pecados diários ao Senhor, Ele é fiel e
justo e nos purificará desses pecados para que possamos continuar a viver em um relacionamento correto com Ele.

 

Quando nos comprometemos, como seguidores de Cristo, a crescer e amadurecer em nossa fé, ao ler e estudar a Palavra de Deus e orar com Ele todos os dias, seremos cada vez mais capazes de permanecer no poder do Espírito Santo e resistir ao pecado. As vitórias diárias sobre o pecado que temos em Cristo nos encorajarão, fortalecerão
e demonstrarão de maneira poderosa que não somos mais escravos do pecado, mas escravos de Deus por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

Pr. Dr. Gervásio Melquiades Gomes